A discussão sobre modelos de gestão pública que dependem menos de impostos é antiga e relevante. Em um cenário global, há países e cidades que criaram alternativas para reduzir a carga tributária e financiar o Estado de outras formas. Esses experimentos variam de fundos soberanos até monopólios estatais lucrativos, mostrando que existem caminhos diferentes do modelo tributário clássico.
Fundos soberanos e recursos naturais
Um dos modelos de gestão pública mais conhecidos que permite reduzir impostos é o uso de recursos naturais para financiar o governo.
- Noruega: o país utiliza royalties do petróleo para alimentar o Government Pension Fund Global, que rende bilhões e sustenta grande parte dos serviços públicos.
- Emirados Árabes Unidos: Dubai e Abu Dhabi têm impostos muito baixos, financiando o Estado por meio do petróleo, investimentos e taxas de serviços.
A vantagem é clara: cidadãos pagam pouco ou nada de imposto de renda. A desvantagem é a dependência de um recurso finito e sensível ao mercado internacional.
Monopólios estatais e loterias em modelos de gestão pública
Outro exemplo de modelos de gestão pública com menos impostos é a utilização de empresas estatais lucrativas para custear políticas públicas.
- China: mantém empresas estratégicas em energia, telecomunicações e transportes.
- Macau: baseia boa parte da receita em cassinos e loterias, com impostos indiretos reduzidos para a população.
Essa prática pode gerar receita consistente, mas corre o risco de ineficiência e corrupção se a gestão for mal feita.
Taxas de uso e pedágios
Em alguns países, o princípio do “usuário paga pelo que consome” ganha destaque.
- Cingapura: aplica pedágios urbanos e tarifas em serviços públicos.
- Estados Unidos: muitas áreas, como saúde e educação superior, funcionam sob tarifas diretas, em vez de impostos universais.
Esse modelo pode reduzir a carga tributária geral, mas traz risco de exclusão social quando serviços básicos ficam caros demais.
Modelos de gestão pública experimentais e inovadores
Alguns projetos tentam reinventar a arrecadação:
- Charter Cities: cidades com regras próprias, financiadas por investidores e taxas de operação.
- Cidades baseadas em blockchain: comunidades que usam tokens e DAOs para financiar serviços coletivos.
- Seasteading: propostas de cidades flutuantes sustentadas por taxas e contribuições voluntárias.
Esses modelos ainda estão em teste, mas levantam debates interessantes sobre o futuro da governança.
Benefícios e riscos dos modelos de gestão pública alternativos
Reduzir impostos com modelos alternativos pode trazer:
- Benefícios: maior poder de consumo para cidadãos, atração de investimentos, estímulo ao empreendedorismo.
- Riscos: alta dependência de recursos específicos, vulnerabilidade a crises, desigualdade no acesso a serviços.
No fim, a maioria dos países que experimenta alternativas mantém impostos baixos, mas não os elimina totalmente.
Conclusão
Os modelos de gestão pública com menos impostos mostram que existem caminhos alternativos para financiar governos. Entretanto, até hoje, nenhum grande Estado moderno conseguiu abolir completamente os tributos. O futuro pode estar em modelos híbridos: impostos moderados combinados com fundos de investimento, estatais lucrativas e tecnologias de blockchain.
Links de referência
- China Briefing – Taxation and Accounting
- PwC – Overview of PRC Taxation
- Government Pension Fund of Norway
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